domingo, 31 de janeiro de 2010

Mensagem de Miguel Arcanjo

Saudações!
Enquanto os ventos da mudança continuam a varredura por cada faceta de vida na Terra, eu, Arcanjo Miguel, me coloco diante de vocês como um amigo, professor e servo de um campo unificado de consciência o qual sustenta toda a criação. Se vocês permitirem, poderão sentir minha presença tocando seu coração, lembrando-lhes que agora é a hora de revelar o presente que carregam.

Esse presente foi chamado de diversos nomes; hoje nós o chamaremos “sementes da mudança”.Sementes da Mudança Antes que encarnassem, vocês sabiam que o solo ou as condições na Terra poderiam não sustentar esse presente sagrado.
Vocês sabiam que precisariam mudar as condições inférteis para assegurar que essas sementes pudessem germinar. Muitos antes de vocês tentaram plantar essas mesmas sementes. Suas tentativas foram honradas, mas as sementes, em sua maioria, nunca receberam os nutrientes ou energia de que necessitavam.



Apesar disso, cada um de vocês voltou a esse planeta como portadores das sementes da mudança e, para sua grande surpresa, as sementes brotaram na Terra. Suas raízes desceram até uma rica jazida de nutrientes que é agora sustentada por um renovado espírito humano.Como guardiões dessas sementes, muitos de vocês passaram várias décadas refinando seu relacionamento ou conexão com o Espírito.
Vocês entenderam a um nível profundo que essas sementes só podem ser ativadas através do seu amor. Vocês exploraram a natureza de seus corações feridos, sua natureza humana condicionada, praticando uma variedade de diferentes modalidades de cura. Muitos de vocês começaram a experimentar uma espécie de vício nesse processo de cura. Vocês criaram uma crença de que o mensageiro, ou portador da semente, deveria curar tudo relativo à sua condição humana de modo a servir a esse presente sagrado com integridade e honra.
Durante esse processo, muitos de vocês também descobriram um profundo novo relacionamento com a sua alma, mas escolheram manter essa experiência para si. Vocês incorporaram uma espécie de iluminação não expressa. Todos vocês são profundamente honrados por estarem aqui. Eu, Miguel, dei minha palavra a cada um de vocês de que os lembraria de vez em quando da natureza sagrada do presente que carregam. É um presente que cada alma carrega, mas poucos o colocam a serviço.
Existe agora um pequeno, mas vibrante grupo de humanos que abandonou seu processo de cura e descobriu um novo sentimento de autoridade que utiliza muitas habilidades criativas. Eles conscientemente plantaram essas sagradas sementes em suas próprias habilidades criativas. Para alguns isso tomou a forma de um serviço. Para outros tomou a forma de um produto. Eles estão começando a celebrar sua expressão artística única.
Estão descobrindo que quanto mais compartilham esse presente, mais conectados se sentem à vida e a uma contínua corrente de apoio. Eles adotaram um novo relacionamento com o serviço que louva seu próprio senso de poder e abundância. Suas criações estão agora começando a tomar vida própria, atraindo recursos adicionais e pessoas para auxiliar-lhes. Nós celebramos essa nova tomada de consciência e lembramos a todos que isso é apenas o começo.
Apertem os cintos, vocês vão curtir esse passeio!Mudando o ColetivoEssas potentes novas sementes desenvolveram seu próprio sistema único de enraizamento. Elas estão apoiadas e interconectadas dentro de uma série de outras sementes sagradas que também germinaram. Isso por sua vez está deslocando o equilíbrio energético bem no centro de seu planeta. Uma vez que Gaia deve acomodar qualquer sistema de realidade que vocês escolherem, ela está agora acomodando um estado de consciência que é novo, profundo, e que altera a vida dentro e acima de sua crosta.
Para aqueles que se tornaram ativamente envolvidos em servir a essas sementes da mudança, nós notamos que muitos percebem a vida de uma perspectiva radicalmente diferente. Vocês reconhecem que seu serviço a si próprio era de fato uma parte essencial de seu crescimento. Em retrospecto, vocês enxergam o valor de seu processo de cura, pois esse desmascarou muitas ilusões. Vocês se tornaram conscientes de uma persistente nuvem de inércia que pairou acima de suas vidas por muitos anos, tentando negar sua liberdade de expressão.
Essa inércia manteve o foco em vocês. Serviu para manter uma identidade que girava em torno de “eu, eu, eu”. Vocês se tornaram vítimas de seu próprio processo de cura.Nós compartilhamos esse ponto de vista com vocês porque em seu horizonte está outro grupo bem maior de almas. Eles estão de fato vivendo na Terra e justamente se tornando conscientes dessas sementes sagradas. Nós vemos esse grupo enumerando entre os milhões, sentido essa urgência em mudar, com muitas questões sem resposta.
Estão começando a desviar sua atenção de um sistema de suporte que não mais corresponde ao que foi propagandeado. Estão começando a reconhecer sua expressão única criativa numa variedade de serviços e produtos que não haviam notado antes.Agora, a tempestividade dessa mudança é linda. Muitos de vocês esperaram a vida inteira por esse momento. Vocês também ficaram entediados e decepcionados com a hora dessa virada. Qual a vantagem de servir à mudança se ninguém está ouvindo? Nós escutamos e honramos sua paciência.
Nós agora convocamos aqueles que estão escondidos em relações rotineiras, empregos chatos e corpos cansados. Portadores da semente, a hora é agora! Onde está sua paixão? Quando irá expressá-la?Servindo à vidaEu, Miguel, prometi a cada um de vocês que faria o que pudesse para lembrá-los de seu serviço a essas sementes sagradas. Eu lhes pergunto novamente, a quem estão servindo? Pois sua mente tentará lhes convencer de que a vida não precisa de sua paixão. Não precisa de sua alegria. Sua mente tentará lhes convencer de que sua frágil auto-estima apenas se sentirá humilhada se vocês arriscarem expor os desejos de seu coração. Há também esse pequeno, porém vibrante grupo de humanos que está agora conscientemente servindo a vida, esperando que se junte à festa.
Convidando-os a compartilhar seus dons criativos para toda humanidade ver.Nós diremos mais uma vez, a família chamada humanidade está começando a despertar de seu próprio pesadelo. Vocês não estão aqui para se colocar em um púlpito e declarar a verdade a respeito de algum Deus. Suas criações carregarão sua mensagem, infundida da presença de sua alma. Deverão, no entanto, ser visíveis ao olho humano. Sua família humana estará procurando por uma autêntica representação de um campo unificado de consciência.



Quão importante é isso? Deixe-me ser bem claro... é ”obrigatório” nesse momento! Obrigatório se a mudança é o que você serve! Se uma nova consciência é o que você está verdadeiramente celebrando!Eu não venho nesse dia para dar-lhes previsões de tempo. Vocês podem sentir o que está por vir! Eu venho para honrar seu serviço à vida me dirigindo a essa nuvem de inércia. Convide-me ou à Yeshua para dentro de sua vida.
Nós somos muito hábeis em ajudar a inflamar uma nova paixão, que coloca o “eu” no banco de trás. A nova consciência é sobre o “nós”, e estamos aqui para louvar seus novos desejos. A vida está chamando cada um de vocês para sair de sua zona de conforto não porque queremos que se machuquem. Querida alma, ouça-nos... você está se machucando nesse exato momento se não estiver servindo as suas habilidades criativas.
Essas sementes da mudança não irão germinar se forem plantadas pela mente. A mente não tem idéia do que fazer com elas. Está na hora de sua mente passar a servir a mudança! Pare de importunar essa família chamada humanidade ao negar-lhe evidências tangíveis de que a vida é verdadeiramente sagrada.
A vida quer mais que tudo servir a si mesma através de VOCÊ. O novo serviço é sua paixão em ação. É hora de se juntar a festa e deixar que comecem as criações.

Todas as nossas bênçãos,Miguel

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Comentário Critico de Jussara Trindante sobre Espetáculos da Mostra Matraca de Teatro de Rua

Queridos amigos da RBTR e Núcleo de Pesquisadores de Teatro de Rua:
Gostaria de começar o ano compartilhando com todos uma pequena parte da feliz experiência de participar, como pesquisadora, do II Encontro Matraca de Teatro de Rua do Maranhão. O evento foi realizado em outubro de 2009 mas, de lá pra cá, a falta de tempo (principalmente) dificultou muito o compromisso de escrever sobre os espetáculos vistos, tarefa que venho tentando cumprir na medida do possível. Assim, peço desculpas pelo atraso e por não ter conseguido escrever sobre todos os espetáculos; entretanto, reafirmo o compromisso de tentar manter, mesmo que num ritmo vagaroso, o fluxo de textos, reflexões e comentários acerca das atividades de teatro de rua que porventura tenha a oportunidade de participar ou assistir.
Espero que os meus escritos possam dar uma ideia do belo trabalho realizado pelo Circo de Cidadania Palco e Picadeiro em São Luís. Parabéns a Afonso Barros, Dathy Bezerra, Diana Mathos e Michelle Cabral, a quem agradeço novamente a oportunidade e o carinho!
Parabéns ao incansável Luiz Pazzini e à valente Raquel Franco!
Abraços e bjs
Jussara Trindade

SÍSIFO IN WORK
Alunos de Interpretação Teatral I - Curso de Licenciatura em Teatro da UFMA



A performance Sísifo in work foi realizada no primeiro dia do II Encontro Matraca de Teatro de Rua, em São Luís do Maranhão. No final da manhã, por volta das 11h sob o sol escaldante da Rua Grande, movimentado centro comercial da cidade, muita gente suada e apressada lutava por uma passagem nas calçadas estreitas; talvez estivessem em busca de presentes, já que nos aproximávamos do Dia da Criança, 12 de outubro. Eu procurava ansiosa por algum sinal de “atividade teatral”, pois não via nada além de gente e mais gente, até onde a minha vista alcançava. E a rua parecia não ter fim!
Então, avistei um grupo de atores que vinha pelo meio da rua, diretamente em minha direção. Muitos transeuntes acompanhavam o lento cortejo. À frente, alguns atores caracterizados como trabalhadores de diferentes profissões conduziam com muito cuidado um enorme pneu de trator; dentro dele, uma atriz equilibrava- se com dificuldade, enrolando o corpo na mesma forma circular. Logo atrás, jovens atores e atrizes dispostos em três fileiras paralelas vinham recitando em uníssono o poema Sísifo, de Heiner Müller. Estavam, também, caracterizados: operário, professora, médico, escriturário, vendedor, simples cidadão ou cidadã. Alguns vinham descalços, ou com partes do corpo à mostra. Nada, ali, evocava sensualidade. Era uma exibição de simples corpos-máquina. Revezavam entre si as posições assumidas na coreografia de movimentos repetitivos que sugeria o lento movimentar de uma engrenagem, talvez um mecanismo a empurrar penosamente a grande pedra-roda que o belo texto de Muller descreve com tanta poesia:

“Fazer rolar a pedra, sempre a mesma,
para cima do monte, sempre o mesmo” (...)

Impossível ficar indiferente àquela imagem poderosa e magnética, que atraía para si a atenção de todos. A visível dificuldade de equilibrar o pneu e a atriz dentro dele, a longa e difícil caminhada debaixo do sol inclemente, o calor, o suor, a sede e o cansaço, tudo embalado pelo texto adágio, repetido de novo e de novo desde o início, num círculo de eterno retorno ad infinitum, a performance conseguia provocar, no espectador, as sensações físicas contidas nas palavras do texto:

“o peso da pedra aumentando,
a força do trabalho diminuindo com a subida...”

E tornava terrivelmente verdadeiro o presumível desfecho da empreitada:

“Esperança e decepção. Arredondamento da pedra.
Desgaste recíproco de homem, pedra, monte. Até o clímax sonhado.”

Alguém perguntou, do meu lado: “É greve?” E alguém respondeu: “Parece que é só teatro...” Uma senhora indignada exclamou alto, da calçada: “É isso mesmo! A gente trabalha, trabalha, e a força vai só diminuindo, até a gente envelhecer”. Muitos comentavam, observavam, acompanhavam, tão compenetrados quanto os atores. O público demonstrava grande respeito pela performance, talvez por identificação com o tema ou mesmo pela total concentração e seriedade dos atores. Percebia-se uma alteração no ato de caminhar dos transeuntes, transformados momentaneamente em espectadores- atuadores. Vários entravam em sintonia rítmica com o deslocamento do grupo, e passavam a andar lentamente a seu lado. O público aceitava a interferência, admitindo uma ressignificação temporária daquele lugar e modificando, propositalmente, o seu frenético movimento cotidiano.
Apenas alguém não teve a mínima sensibilidade para com o esforço sobre-humano de Sísifo: como um sintoma da grave doença urbana que tenta, de todas as maneiras, subtrair o espaço público do cidadão, foi justamente o motorista de um carro-forte, desses que levam “valores” pela cidade, quem mais se impacientou com a lentidão do cortejo e ficou ameaçadoramente atrás da última fileira, acionando a sirene bem perto dos atores e exigindo que a performance lhe “abrisse passagem”. Ironicamente, o caminhão exibia o letreiro “CEFOR – segurança e informação” na couraça blindada. O diretor Luiz Pazzini, que vinha com um megafone ao lado do grupo, trajando macacão e capacete de operário, ainda resistiu por algum tempo; mas a situação foi ficando insustentável e, finalmente, ele conduziu a performance para seu desfecho final, com os atores e atrizes recitando em uníssono o poema pela última vez, em círculo. Embora um tanto “doutrinário”, foi um final belo e emocionante.

São Luís, 08 de outubro de 2009


ESPETÁCULO CIRCULUZ BRINCANTE – Raquel Franco e Tapete Criações Cênicas

Era um espaço calçado, num canto da Praça Deodoro, em São Luís. Ao lado havia um Ponto de Táxi onde alguns homens conversavam, aguardando clientes sob as árvores. Ali, foi montada uma estrutura metálica muito alta de onde pendia um tecido vermelho, até então amarrado numa das “pernas” laterais. Em seguida, já como a palhaça Keke Kerubina, Raquel Franco andava de um lado para o outro conversando com o público, em sua maioria crianças sentadas em semicírculo, onde a generosa sombra das árvores amenizava um pouco o sol escaldante. Era bom ver aquela figura cheia de doçura andando de lá para cá com seu enorme vestido sobre uma malha de listras horizontais e imensos sapatos coloridos que lhe davam o caminhar desajeitado dos palhaços. Andar esquisito, com os joelhos subindo mais do que o normal a cada passo, como se andassem num terreno pegajoso ou alagado. Com esse andar já meio caindo, os palhaços estão sempre brincando com o equilíbrio – ou a falta dele. E assim vão, caminhando torto e desengonçado pela vida afora. Fazendo os seus sempre estranhos afazeres, em eterno desequilíbrio. Esse é um dos segredos do palhaço: ficamos esperando ele tropeçar para rirmos dele... e ele sabe que a gente sabe, e fica esperando o momento exato de uma distração nossa para só então tropeçar e fazer a gente rir! Todos sabemos que o palhaço vai errar, tropeçar, cambalear; mas ele sempre consegue pegar a gente de surpresa. Ele é o dono do jogo, mesmo que seja o jogo de errar tudo. A sua arte reside em brincar com a instabilidade, com o movimento perpétuo, com o desequilíbrio que leva à necessidade de se inventar um novo equilíbrio; em desafiar o mundo “normal” em que as coisas estão – ou deveriam estar - firmemente assentadas em seus devidos lugares.
Então Keke pendura uma rede – invenção da mais pura genialidade indígena-nordestina- brasileira - na grande estrutura, deita, deixa todo mundo com inveja daquele conforto. De repente, pega uma almofada e... voilá! A almofada vai para baixo do vestido e vira uma barriga enorme. Keke, a palhaça, está grávida! E vai parir ali mesmo, na praça, diante de todos! Segurando a barriga com uma mão e gesticulando com a outra, caminhando já quase em posição de parto, Keke vai puxando assunto com os espectadores, perguntando pelo pai da criança e dando muitos motivos para a meninada “zoar” de algum amigo, entrando com gosto na brincadeira tão séria de descobrir “quem é o pai da criança”. Parodiando o ritual sagrado do parto, com o auxílio confuso do “pai” encontrado entre os presentes – um garoto do público - Keke dá à luz ali mesmo, na rede. Aparecem dois bebês “que já nascem artistas” e se deixam rodopiar pelo ar nas mais doidas estripulias, levados pelo cordão que “mamãe” manipula com maestria. São dois carretéis: um maior, que é o mais velho, e um menor, o caçula. Enquanto rodopiam pelo ar, Keke conversa com seus “rebentos”, incentivando os pimpolhos em suas aventuras. A cada giro, uma expressão de afeto e orgulho. Nada de medo, só aceitação e encorajamento. Naqueles poucos minutos, a atriz consegue despertar no público a ternura que somente as crianças pequenas são capazes de ver nos objetos inanimados. Dotados agora de vida, os carretéis transformam- se em criancinhas esforçadas, em pleno aprendizado do ofício circense. A palhaça apresenta não apenas um número de destreza com esses “materiais de cena”, como se esperaria desse tipo de apresentação. Há ali, também, uma dramaturgia, uma cena teatral, onde três membros da mesma família interagem criando expectativa na platéia, arriscam um movimento mais complexo, erram e tentam novamente, estimulam-se mutuamente, exibindo sua performance. Não é apenas Keke, mas toda a “Família Keke” em cena. A artista se multiplica, a magia do circo se espalha nos rostos sorridentes; crianças e adultos, somos agora todos crianças e desejamos Keke como nossa mãe – protetora, confiante, brincalhona, capaz de rir de nossos pequenos erros e de estimular-nos a tentar de novo, e de novo, de outro jeito.
Depois do Gran finale, em que um movimento mais arriscado do pequenino equilibrista arranca calorosos aplausos da assistência, Keke solicita a uma espectadora que seja sua colaboradora, no número seguinte. Agora, ela organiza o espaço de ação e inspeciona os equipamentos, porque irá realizar a perigosa façanha de subir pelo tecido. Novamente, a artista surpreende pela originalidade que confere à apresentação, fazendo dessa conhecida técnica circense uma performance teatral. Pede à moça que leia, diante de um microfone de pedestal, um roteiro que deverá ser cumprido rigorosamente, orientando a tarefa “de grande perigo e impacto”. E assim vai, seguindo cada instrução, não sem antes confundir as pernas ou a posição dos braços; repete lentamente e em voz alta as palavras de sua partner simulando atenção, mas erra sempre em algum detalhe, levando os pequenos espectadores aos berros, na tentativa de alertarem a atrapalhada ginasta. A subida é penosa; e Keke a valoriza ainda mais com a lentidão e os “erros” que a fazem repetir tudo novamente; seu “pânico” aumenta a cada metro galgado. No final, a queda perfeita em giro, com o tecido desenrolando de seu corpo e... tcham tcham! Eis Keke de volta ao chão, sã e salva! Ela passa o chapéu (aliás, o carretel) e ninguém escapa: espectadores, taxistas, transeuntes e casais de namorados que assistiam, do outro lado da praça, à apresentação. Poucas vezes, num espetáculo de rua, o “chapéu” me pareceu tão simbólico; que pagamento estaria à altura de tanta ternura em cena?
Recentemente, mais e mais pesquisadores têm-se dedicado ao estudo da complexa arte do palhaço. Para além das técnicas circenses - inúmeras e imprescindíveis - esta figura milenar transcende com sua magia quaisquer distâncias espaciais e temporais, percorrendo sob incontáveis formas todas as culturas do globo, das mais antigas às contemporâneas. O que explicaria o fascínio que o palhaço exerce sobre nós? Na busca de uma possível resposta, recorro a Carl Gustav Jung, psicanalista e discípulo dissidente de Freud que estudou profundamente as imagens criadas pela psique humana, registradas nas produções artísticas e religiosas de diferentes culturas, em também diferentes lugares e épocas. Com base nessas investigações, Jung formulou a sua teoria do Inconsciente Coletivo, a partir da qual buscou alcançar a lógica interna de fenômenos humanos e sociais até então considerados incompreensíveis: os sonhos, os mitos, a religião, a guerra. Jung e seus seguidores também pesquisaram ciências simbólicas como a Alquimia, o I Ching e as antigas cartas do Tarot. Este último é particularmente interessante para nós, pois permite-nos compreender a figura do palhaço como uma personificação do Arcano (ou carta) Zero - o Louco. No baralho moderno ele sobrevive como o Coringa, carta sem propósito específico, mas que paradoxalmente serve a todas as funções, tal como o número que o rege. Assim como o Louco e o palhaço, o Coringa liga dois mundos: o cotidiano e o da imaginação. Ou, ainda, estabelece uma passagem entre o oceano caótico do Inconsciente Coletivo e a terra firme da consciência. Por isso, sua marca é a ambivalência entre sabedoria e desatino. É o Louco interior quem nos empurra para a vida, pois a sua energia varre tudo o que estiver à frente, como um vento forte carrega as folhas secas pelo ar. Ele gosta do risco e não da segurança; ama a liberdade, deseja viver a vida com espontaneidade; o mundo é a sua casa. O Louco é andarilho porque sabe que o conhecimento está no mundo. Mas, ainda que eternamente errante, confere-se ao Louco um papel especial na ordem social, porque seu impulso é o que move a humanidade.
Na Idade Média, era tarefa do Bobo da corte – uma outra das inúmeras faces do Louco - lembrar ao rei a sua insanidade, a finitude da carne, o pecado da arrogância e do orgulho. E o palhaço de hoje cumpre ainda as mesmas funções, tanto nas “cortes palacianas” atuais, como nas ruas do mundo. Como Saltimbanco, Arlequim, Carlitos, Palhaço da Folia de Reis ou Cazumbá, o arquétipo do Louco continua movendo-se fora do espaço e do tempo, com o espírito habitado pela profecia e pela poesia, inspirando em segredo os artistas de todos os tempos. Acho que vem daí o fascínio do palhaço; talvez precisemos dele, mais do que ele de nós! Como as sábias palavras de Márcio Libar, encontradas numa abertura ao acaso, do seu livro A nobre arte do palhaço: “meu palhaço me cura todos os dias...” Por isso, rogo a todos os Cuti-Cuti, Picolinos, Carequinhas, Grandes e Pequenos Cafés, Marias, Margaritas, Palitas, Kekés Kerubinas e tantos outros palhaços e palhaças, que continuem suas andanças pelo mundo curando as feridas do nosso triste cotidiano, com suas graças demasiadamente humanas e sua Graça imensamente divina.

São Luís, 10 de outubro de 2009

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Virá da Palhaçada 2009 - Mostra de Circo e Teatro de Rua

VIRÁ DA PALHAÇAD 2009- MOSTRA DE CIRCO E TEATRO DE RUA



EM DEZEMBRO TODOS OS PALHAÇO E PALHAÇAS DO MUNDO COMEMORAM O DIA INTERNACIONAL DO PALHAÇ@ MAIS PRECISAMENTE NO DIA 10 DE DEZEMBRO E AQUI NO MARANHÃO O MCTR-MA REALIZA A VIRÁ DA PALHAÇADA


QUE ESTE ANO CONTOU COM UMA MOSTRA DE CIRCO E TEATRO DE RUA


VEJAM ALGUNS MOMENTOS UNICOS DETE ENCONTRO DE ALEGRIA E ENCANTAMENTO:



CORTEJO



em destaque(Flori, Fulustreca, Ribuliço e Bolofo)





palhaç@s manga rosa, fulustreca e biruta








Apresentação no terminal do integração do espetáculo "Um Dia de Clown" com Gilson Cesar


Cia Circense de Teatro e Bonecos




Palco do Circo da Cidade repleto de palhaço


no dia 10 de Dezembro


valeu galera!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Palhaço Umbigulindo na perna de pau durante Cortejo








A nova geração Biluca fafa e Biloca



Cena do espetáculo Brinquedo Circense - Tapete Criações Cênicas